Trabalhadores da PSA Mangualde avançam amanhã para a greve




Os trabalhadores da PSA/Peugeot/Citroën em Mangualde vão estar em greve no sábado, o primeiro de todos os sábados até ao final do ano, após terem falhado as negociações, disse ontem um dirigente sindical.

“Fui chamado à direcção para negociar um levantamento do pré-aviso de greve, só que a proposta era para só negociar no final do ano. Então, tomámos, eu e os meus colegas, a decisão de não aceitar. As coisas estão a passar-se agora, é agora que têm de ser resolvidas e não no final do ano”, adiantou Telmo Reis.

Segundo o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Norte (SITE-Centro Norte), “não é conveniente estar a levantar uma greve sem ter os objectivos mínimos estabelecidos”.

O sindicato, juntamente com a comissão de trabalhadores, quer negociar a bolsa de horas, algo que “a direcção não quer negociar”, assumiu Telmo Reis, que contou que desde que foi emitido o pré-aviso de greve “a direcção está a chamar individualmente trabalhadores para os questionar se vão ou não fazer” greve no sábado.

“É uma coisa que não deve ser feita. Está no direito do trabalhador nem sequer responder à pergunta. Não respondendo, são chamados à parte para tentarem demovê-los”, denunciou o sindicalista, que também relatou que a direcção “está a contactar outros trabalhadores, de outros turnos, para assegurar a produção” no sábado.

Neste sentido, Telmo Reis referiu que “estão a garantir que pagam o sábado a 100%, mais subsídio de combustível” e que, com esta promessa, “é normal que alguns trabalhadores aceitem, principalmente os que estão contratados, que são os que também estão a ser contactados” pela direcção.

“Estão a contornar a lei, ao não contratarem pessoas externas para assegurar o serviço. Mas estão a ir buscar pessoas aos outros turnos para assegurarem a produção do dia de greve”, apontou.

Telmo Reis disse ainda à agência Lusa que a direcção enviou “um comunicado interno, onde se contradiz um pouco” e, agora, também a entidade sindical “vai enviar um comunicado a defender o nome do sindicato e a informar um pouco mais os trabalhadores”.

Fonte oficial da direcção da PSA/Peugeot/Citroën disse à agência Lusa que “o intuito da pergunta ao trabalhador não é saber quem vai fazer greve, mas sim, saber quem vem trabalhar para poder organizar o dia de trabalho”.

“Não estamos a perguntar quem faz greve, estamos a perguntar quem vem trabalhar, para nos organizarmos. É uma pergunta positiva, não é negativa, ou seja, não é punitiva, porque a direcção respeita todas as pessoas que queiram fazer greve, não é isso que está em causa”, esclareceu a fonte.

Relativamente às negociações, a mesma fonte adiantou à agência Lusa que “o acordo de competitividade é de quatro anos, termina no final deste, e só aí é que começam outras medidas, de forma a garantir o futuro da fábrica”.

Segundo a direcção, este “acordo de bolsa de horas com a comissão de trabalhadores tem ajustes” enquadrados num “calendário de reuniões com a comissão de trabalhadores” e “ainda em maio houve trabalhadores a ficar em casa uma semana, mas, agora, tem de se garantir a produção deste mês”.

“De salientar que quando se diz que se trabalha ao sábado, não é todos os sábados, porque os turnos vão rodando, há três turnos, e um turno trabalha, no máximo dos máximos, dois sábados num mês, depende do fluxo de encomendas”, assumiu.

O pré-aviso de greve foi emitido na terça-feira, por causa da bolsa de horas, uma vez que “já foram ultrapassados os limites do razoável” e, segundo Telmo Reis, “já que podem pagar a 100%, mais subsídio de transporte, para assegurar a produção, também podem dar mais qualquer coisa aos trabalhadores, num reconhecimento merecido”.

Na base da greve está “o fim da bolsa de horas, a garantia da manutenção de dois dias de descanso consecutivo, garantir a não realização de mais de oito horas diárias de trabalho e o fim da perseguição, chantagem, pressão e repressão”, afirmou Telmo Reis.

Cada turno na PSA/Peugeot/Citroën em Mangualde tem, em média, cerca de 300 trabalhadores. O primeiro dia da greve é no sábado e assim acontecerá em todos os sábados até ao final do ano.




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